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Pulseiras do sexo: proibir uso não é a solução

Cotidiano | Publicado em 07/04/2010 09:12

Os casos de violências possivelmente provocadas pelas pulseiras do sexo começam a surgir gradativamente. Primeiro, no mês passado, foi o estupro de uma adolescente de 13 anos em Londrina por quatro homens que está em investigação, na semana passada a Polícia Civil do Amazonas divulgou a suspeita da ligação das pulseiras com a morte de duas pessoas, entre elas uma adolescente de 14 anos, em Manaus.

 

As mortes de Manaus, segundo a Polícia Civil, estão sendo investigadas pela presença de ambas das pulseiras cortadas ao lado dos corpos. Uma mulher foi esfaqueada e uma adolescente morta em um motel com diversas pulseiras no braço e outras arrebentadas.

 

As suspeitas despertaram em todo país uma comoção contra o adereço com conotação sexual que virou mania entre crianças e adolescentes desde o ano passado. Em Cascavel, somente agora, um projeto de lei, que foi lido ontem na sessão da Câmara de Vereadores, problematiza a questão. Mas, o projeto, que agora pode entrar em votação pelos vereadores, pretende proibir o uso do acessório nos estabelecimentos de ensino da cidade.

 

Segundo o projeto, a Secretaria Municipal de Educação fará a divulgação em todas as escolas públicas e particulares, da proibição do uso da ‘pulseirinha do sexo’. A responsabilidade da fiscalização do cumprimento da lei seria do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente e conselhos tutelares. A lei não dispõe sobre medidas educativas sobre o uso das mesmas e nem sobre a proibição da venda dos adereços.

 

Comércio

 

Em cidades como Curitiba e Londrina a medida imediata foi a proibição da comercialização das pulseiras, já que muitas crianças e adolescentes não a usam nas escolas, quando é proibido, mas as colocam quando saem da instituição, permanecendo o problema, mas longe dos olhos dos cuidadores, seja a família ou escolas.

 

Para Marcos Aurélio de Moura, pai e presidente da APMF do Colégio Estadual Wilson Joffre em Cascavel, momentaneamente a solução é proibir realmente as pulseiras, mas não somente o uso, mas também a venda das mesas. “Tem que proibir a venda, começar desta maneira imposta, mas não pode ficar restrito a isto”, revela.

 

Para o pai, a solução do problema não está no autoritarismo de proibir o uso e comercialização, mas sim na educação e instrução. “Tem famílias que conseguem falar com os filhos sobre sexualidade e abordar a questão, mas existem travas ainda e o assunto deve ser mais abordado, inclusive pelas escolas”, comenta ao salientar que o trabalho em conjunto, família e escola resultará em conscientização das possíveis consequências negativas do uso das pulseiras.

 

O filho de Moura tem 13 anos e não usa os adereços, mas a preocupação sempre existe. “A gente conversa sobre o assunto e ele diz que não tem visto muito no colégio, mas a parte educacional é fundamental”, salienta. Concordando com o pai, a coordenadora pedagógica do Colégio Estadual Marilis Faria Pirotelli, Lúcia Zandoni Correa, conta que somente a proibição não surte efeito, mas sim a educação.

 

Atitudes

 

A coordenadora salienta que há mais de 15 dias o uso foi proibido na escola, porém foi preciso a conscientização dos alunos para a aceitação da medida. “Nós fomos para as salas e conversamos com todos os alunos sobre o significado da pulseira e as consequências”, explica ao revelar que a maioria alega que não as usava com a conotação sexual, mas como um objeto da moda.

 

A proibição pela escola não precisou de uma lei ou fiscalização, mas sim do comum acordo entre direção, coordenação e pais. “O problema existia e os próprios pais ligavam e vinham aqui pedir para tomarmos alguma previdência na escola”, detalha. A contrapartida da família também foi necessária, pois Lúcia relembra que a indicação da escola foi que os pais conversassem em casa também com filhos, pois cada família tem uma concepção e uma cultura.

 

Para a educadora, proibir somente gera mais curiosidade dos adolescentes, ainda mais somente na instituição de ensino. “Acho que deveriam sim proibir a venda, pois muitos usam porque acham bonito, mas no fim pode ter consequências piores”, relata. Agora na escola esporadicamente alguns alunos ainda usam a pulseira, mas quando chegam possuem a interferência.

 

A coordenadora conta que a maioria deixou de usar, tanto na escola como fora da mesma, pois acredita que houve uma conscientização dos alunos. “Muitos hoje têm outra visão da pulseira, e aqueles que as professoras encaminham ainda com a pulseira, nós conversamos novamente e aqui dentro não pode usar”, reforça.

Quem usa

 

“Para mim perdeu a graça, quem usa fica até constrangido”

  

Com 16 anos, Carlos já não tem mais nos braços as pulseiras que antes considerava “da hora”. O adereço, que antes era visto como modismo pelo garoto agora tem outra concepção. “Para mim perdeu a graça, quem usa fica até constrangido porque as pessoas comentam demais e ficam olhando”, conta.

 

Mas, Carlos lembra que usou por uns dois meses a pulseira e sem a conotação sexual, pois sabia de alguns dos significados das cores das pulseiras, mas não participava da brincadeira de arrebentar e cumprir os atos. “Todo mundo usava, pra mim não tinha significado com relação sexual, era somente para ter no braço”, revela.

Embora para ele fosse apenas um acessório, o adolescente revela que muitos dos seus amigos usavam com o significado sexual, que cumpriam o que as cores determinavam, mas desconhece problemas mais graves com a brincadeira. “Alguns continuam usando assim”, salienta.

 

Agora, sem pulseiras coloridas nos braços, Carlos vê os “enfeites” como brincadeira de criança. “Mas eu acho certo proibir, tem que proibir mesmo a venda porque tem estes significados de sexo”, pontua ao avaliar que mais do que a proibição, a orientação é importante.

Fonte: http://www.cgn.inf.br


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