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Sem saber quando a terra vai chegar

Cotidiano | Publicado em 28/06/2013 10:46

Fazenda Bom Sucesso Incra, Estado e movimento têm versões diferentes sobre resolução do problema...
 
Terra, palavra que tem vários significados. Pode ser o planeta, um chão vermelho ou rochoso, o fato é que tem gente que ainda “briga” por ela.
 
Como é o caso dos integrantes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra) quem vivem às margens da Fazenda Bom Sucesso, situada na BR-369, quilômetro 512, próxima a Cascavel.
 
Lá são 94 famílias que residem em casas de madeira, com lonas, com criação de galinhas, porcos e com uma quantidade grande de cachorros.
 
Num dos barracos encontramos o comércio de Pedro Capra, que há oito anos aderiu à vida de sem-terra. A banca parece ser um dos locais mais frequentados pelos moradores da comunidade, pois no tempo em que estivemos lá os clientes não pararam de chegar.
 
Quando indagado a respeito de uma “mudança” para uma fazenda localizada na cidade de Ramilândia, local para onde seriam transferidas 15 famílias, ele mostra sua indignação a respeito do assunto. “Desde que houve a reintegração de posse da fazenda, há quase dois anos eles estão com essa conversa de que vamos ser levados para outra terra. Mas até agora nada, estamos todos indignados com essa situação”, relata.
 
De acordo com o líder do grupo MLST, Mauro Ferreira, a área de Ramilândia está pronta para mudança de 15 famílias. “Estamos apenas esperando a confirmação do Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária], mas em torno de 15 dias já queremos estar instalados. Temos outras terras em negociação, se eles não derem nenhum posicionamento até dia 3 vamos tomar uma providência”, relata Mauro.
 
Conforme o Assessor Especial para Assuntos Fundiários do Paraná, Hamilton Serighelli, a fazenda localizada em Ramilândia cujo proprietário é o Banco do Brasil, já estava em negociação e poderá ser habitada em 15 dias. “Tivemos um pequeno problema com a pessoa que estava instalada naquela área, mas já resolvemos esse problema e as famílias poderão mudar em duas semanas. Estamos em processo de negociação de mais quatro áreas, e esperamos ter algum posicionamento até o começo de julho”, afirma Hamilton.
 
Com a aquisição destas quatro novas áreas, o problema com a Reforma Agrária na Região Oeste seria amenizado. “Estas áreas seriam o suficiente para amenizar um pouco a situação. Esperamos apenas que as negociações com os proprietários deem certo, mas já estamos com meio caminho andado”, relata o assessor.
 
Já para o superintendente do Incra, Nilton Bezerra Guedes, a “novela” que envolve a terra de Ramilândia está longe de acabar. “Estamos ainda em negociação, não tem nada certo. Tivemos resistência por conta do morador que se estabeleceu na terra, e ainda não tem nada decidido”, ressalta Nilton. Vale lembrar que o Incra é o órgão nacional realmente responsável pela execução dos assentamentos.
 
Em relação à compra de novas terras, que segundo o Incra são três, o processo parece estar lento. “É um processo gradativo, estamos em negociação sempre”, afirma Nilton. Ele concorda que a compra destas terras resolveria o problema da região oeste. “Se conseguirmos comprar estas terras, todas as famílias que estão em acampamento poderiam viver lá tranquilamente”, afirma Nilton.
 
Para a população do MLST, a melhor solução ainda é esperar. Oldino Marcos, que mora há sete anos nesse acampamento resume: “Está difícil, estamos à procura de uma coisa melhor. O jeito é esperar e ver o que acontece”.
Fonte: CGN


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