Para o jurista brasileiro Darcy Azambuja uma nação só existe onde há comunidade de consciências. Qualquer ajuntamento humano forma um povo, que só será nação quando essas pessoas compartilharem crenças, valores e aspirações. Nesse sentido, o projeto Educação no Trânsito, realizado pela 4ª Companhia da Polícia Militar, se torna pertinente sob múltiplos aspectos.

Em 2012, a já referica 4ª Cia. está investindo num projeto de conscientização sobre trânsito com crianças da região. Visitando as escolas, os policiais fazem palestras e atividades com os alunos ensinando, na teoria e na prática, como as pessoas devem se comportar no trânsito, sejam elas pedestres ou condutores de veículos. Nessa semana eles já estiveram na Escola Municipal São José. De acordo com o Soldado Silva, participante do projeto Educação no Trânsito, os objetivos principais são “promover a cidadania no trânsito, diminuir o número de acidentes, principalmente os que envolvem crianças, e ensiná-los as regras de trânsito para que eles possam cobrar de seus pais”. O projeto teve ínicio em Cafelândia, em 2011, e nesse ano será extendido para todas as escolas municipais da Comarca de Corbélia.

As metas do projeto parecem simples, mas não são modestas. Conscientizar as crianças nas escolas é o primeiro passo na trilha de um ideal ulterior. “Quando os filhos estiverem cientes, eles próprios poderão corrigir os pais. Assim vai crescendo conceito de direção defensiva, de valorização da vida, de ética e cidadania no trânsito”, afirmou o soldado da PM. Os alunos que passam pelo projeto são orientados a trabalharem como pequenos vigilantes, ou policiais mirins, advertendo seus pais para observarem as regras. Lá na frente, depois de converter os adultos de hoje à respeito no trânsito, esses mesmos jovens deverão se tornar motoristas cuidadosos. Aqui cabe aquela velha máxima: educar o jovem é melhor que castigar o velho.

O conceito de trânsito apresentado para as crianças é mais amplo que as vias públicas, onde automóveis, ciclistas e pedestres disputam pelo espaço. É trânsito também o espaço escolar, as salas de aula (nos momentos de entrada e saída de aula) e até o interior dos transportes coletivos. Os policiais do projeto ensinam que o respeito ao trânsito deve se fazer presente em qualquer lugar onde as pessoas precisam se locomover.


A conscientização a respeito das regras de trânsito já é um avanço considerável no sentido da união de consciências que demanda uma nação. Mas ainda há outro aspecto, paralelo aos objetivos do projeto, que se mostra vantajoso: a integração entre a população e os seus defensores. A presença dos policiais na sala de aula, dialogando e brincando, pode fazer com que esses meninos e meninas cresçam olhando para a polícia como uma parceira interessada em seu bem-estar e não como um simples instrumento coercitivo e repressor do Estado. Assim nos aproximamos da comunidadede nacional de consciências defendida por Azambuja.