No último domingo (31), a cidade de São Paulo foi palco da 98ª edição da tradicional Corrida Internacional de São Silvestre, um evento que atraiu cerca de 35 mil participantes entre amadores e profissionais. A prova, que se consolidou como uma das mais importantes do calendário esportivo, ocorre anualmente no último dia do ano e mantém a tradição de acontecer pela manhã desde 2012.

A predominância masculina foi notável, com um total de 21.553 homens contra 12.811 mulheres que encararam os 15 quilômetros do desafiador percurso. A capital paulista concentrou o maior número de corredores, com 11.259 participantes, seguida pelo Rio de Janeiro, Guarulhos, Santo André e Campinas, que registraram 1.036, 616, 550 e 543 inscritos, respectivamente.

Uma presença que se destaca a cada ano é a do atleta Valmir Marasca, representando a cidade de Corbélia, no Paraná. Com cinco participações no evento, Valmir conquistou a 412ª colocação na competição deste ano, demonstrando uma evolução em relação ao ano anterior, quando ficou em 442ª posição.

A 98ª edição da Corrida São Silvestre terminou com uma dobradinha soberana do Quênia. O vencedor da prova masculina foi Timothy Kiplagat, de 30 anos, que completou o percurso em 44min52s e faturou a corrida de maneira inédita. Emmanuel Bor e Reuben Longosiwa, também do Quênia, ficaram com a segunda e terceira posição, respectivamente.

O melhor brasileiro na prova masculina foi Jonathas de Oliveira, que terminou na sexta posição. O competidor tinha o sonho de ser jogador de futebol, mas encontrou na corrida uma outra paixão. "Não deu para realizar o sonho de ser jogador, mas a gente dá para o gasto como atleta", brincou, em entrevista à Globo, após cruzar a linha de chegada.

O primeiro lugar da prova feminina ficou com Catherine Reline, de 21 anos, que conquistou o bicampeonato da principal corrida de rua da América Latina ao completar a percurso em 49min54s. A compatriota Sheila Chelangat (51min35s) e a etíope Wude Ayalew (51min46s) completaram o pódio.

Reline era a grande favorita a vencer a São Silvestre e realizou o trajeto de maneira soberana, mas não conseguiu bater o recorde da prova, estabelecido por ela mesmo no ano passado, com 49min39s.

Uma cena curiosa chamou atenção: a queniana foi surpreendida por um cachorro enquanto percorria um dos trechos no centro histórico de São Paulo. Apesar da distração, ela continuou a corrida sem maiores problemas.

Apesar da chegada do verão e da onda de calor que afetou o País recentemente, a prova deste ano foi realizada com clima ameno, com temperatura de 21 graus. O clima ensolarado foi propício para a festa dos corredores anônimos, que compareceram à corrida com as tradicionais faixas e fantasias - Chapolim Colorado, Homem-Aranha e Hulk eram alguns dos personagens presentes.

Rota e Estrutura

O percurso da São Silvestre, com seus 15 quilômetros, consolidou-se após várias alterações ao longo dos anos, acompanhando as transformações urbanas da cidade. A largada ocorre na Avenida Paulista, na altura da Rua Augusta, passando por locais emblemáticos como a Avenida Ipiranga, o Largo do Arouche, a Praça da República e a Avenida São João, antes de completar o circuito na Fundação Cásper Líbero, também na Avenida Paulista. O trajeto apresenta desafios, com trechos de descida no início, seguidos pela alternância entre subidas e descidas no meio do percurso.

A infraestrutura montada para atender aos corredores é colossal, incluindo a distribuição de 500 mil copos d'água, 35 mil lanches para atletas e a presença de 5 mil grades de proteção, 1,1 mil cones de trânsito e 1,1 mil cavaletes de trânsito. Além disso, mais de 4 mil pessoas desempenham diversas funções na organização, desde monitores até a equipe de produção. A segurança também é uma prioridade, contando com a participação de 200 profissionais da saúde e 75 bombeiros socorristas.

A largada é realizada em etapas, começando às 7h25 com os atletas da categoria cadeirantes. Em seguida, às 7h40, é a vez da elite feminina, enquanto os atletas de elite masculino largam às 8h05, seguidos pelos demais corredores, incluindo os amadores do pelotão geral.

A Corrida Internacional de São Silvestre, além de ser uma competição esportiva de prestígio, destaca-se por sua tradição, superação e pela diversidade de participantes que, ano após ano, tornam o evento um marco no cenário esportivo brasileiro.