Após vários dias de chuva intensa e intermitente pelo Estado, há cerca de uma semana os produtores retomaram a colheita do trigo e o plantio da soja, milho e feijão, algumas das culturas mais expressivas deste período. A divulgação da nova estimativa de safra 2022/23, feita pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), aponta 25,7 milhões de toneladas.
Os produtores avançaram na colheita, que já chega a 63% da área semeada, estimada em 1,19 milhão de hectares. “Houve uma pequena correção para cima, visto que as estimativas iniciais apontavam área de 1,18 milhão de hectares, porém a produção foi revista para baixo”, disse o agrônomo Carlos Hugo Godinho.
A nova projeção é que o Estado colha 3,56 toneladas de trigo contra a expectativa até o mês passado de 3,8 milhões de toneladas. De acordo com Godinho, parte da revisão se deve à estiagem no Norte e Centro-Oeste do Estado, que teve quebra de 11%, e a outra parte às chuvas e geadas no Oeste e Sudoeste, com retração de 30% e 16%, respectivamente.
Para a soja, o período sem chuva também foi favorável com avanço de 11 pontos porcentuais. Os 600 mil hectares plantados em três a quatro dias fez com que se avançasse de 33% para 44% a área semeada. A expectativa é de que se colham 21,5 milhões de toneladas de soja na safra.
“Se não houver chuva nos próximos dois dias, vai avançar bastante o plantio, que ainda está em atraso em todo o Estado se comparar com o ciclo anterior”, estimou o analista de soja no Deral, Edmar Gervásio. Neste período, na safra 21/22, cerca de 60% da área estava plantada. “De modo geral, em termos de qualidade, a safra está boa”.
MILHO – O plantio do milho primeira safra alcançou 82% da área total de 400 mil hectares e a produção esperada, neste momento, é em torno de 3,9 milhões de toneladas, embora ainda haja indefinição. “Há um risco um pouco maior nessa cultura, porque pegou muito esse volume de chuva e talvez possa prejudicar o desenvolvimento, mas ainda é cedo para cravar alguma coisa”, disse Gervásio. No Paraná, a segunda safra de milho é a mais expressiva.
FEIJÃO – O feijão segunda safra do Paraná teve a colheita encerrada em julho, com 561 toneladas. “Foi uma safra muito boa, do que se tem registro, é a maior que o Paraná já colheu”, disse o economista Methodio Groxko, analista da cultura no Deral. O volume é 96% superior ao que foi colhido no ano passado, bastante prejudicado pela estiagem. Os produtores ainda têm 22 mil toneladas para comercializar, o que representa 4%.
O feijão primeira safra, que está em fase de plantio na maioria das áreas, foi também beneficiado pelas condições climáticas dos últimos dias. A semeadura avançou para 64% da área de 122 mil hectares. No entanto, esse volume ainda é 20 pontos porcentuais menor que nos anos anteriores.
CEVADA – A colheita da cevada também ficou interrompida vários dias em razão das chuvas, mas começou a se intensificar desde o último fim de semana. Em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, um dos principais polos produtores, já foram colhidos pelo menos 20% da área. “Pelas informações que recebemos, a cevada colhida em Ponta Grossa apresenta qualidade baixa”, lamentou o agrônomo Rogério Nogueira.
No ano passado, grande parte da produção foi utilizada para ração em razão da qualidade, o que pode se repetir este ano. Guarapuava (Centro-Sul), outro polo importante de produção, está com pouca área colhida, mas o rendimento pode ser atrapalhado por doenças e fungos difíceis de combater com chuvas.
OLERICULTURA – Entre os produtos da olericultura com maior expressividade neste momento estão a batata, a cebola e o tomate. Os técnicos do Deral apontam que restam 2% de área da batata segunda safra 21/22 a serem colhidas, basicamente a que é produzida na região de Cornélio Procópio, no Norte do Estado. A da primeira safra 22/23 já tem 80% da área de 15,6 mil hectares plantada.
A cebola, que deve render 107,4 mil toneladas, também já foi toda plantada e a colheita está recém-iniciando. O tomate segunda safra 21/22 está praticamente com toda a área colhida. A primeira safra 22/23 alcançou 71% de plantio e já começa a ser colhido nas regiões mais quentes do Estado.
“O que se observa para as safras 22/23 dessas culturas é que os índices de produtividade já são superiores às safras anteriores, o que é indicativo de que podemos ter uma safra melhor”, avaliou o agrônomo Paulo Andrade.