Na decisão, o juiz suspende a licitação e ordena que sejam realizados estudos técnico-ambientais pelo Ibama que demonstrem a viabilidade, ou não, do uso da técnica. A Justiça cobra ainda uma prévia regulamentação pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) autorizando a utilização da técnica, estabelecendo, inclusive, o seu alcance e limites de atuação das empresas exploradoras. Outra exigência da Justiça é a publicidade da avaliação ambiental de áreas sedimentares.
As empresas estão impedidas de assinar contratos de concessão dos blocos localizados dentro da faixa de fronteira e os já assinados estão com seus efeitos suspensos. A ANP também terá que disponibilizar a íntegra dos contratos de concessão em seu site institucional.
A decisão judicial foi em resposta a uma ação civil pública impetrada pelo Ministério Público Federal, subseção de Cascavel, e ocorreu um dia após um protesto de moradores de Toledo contra o uso do fracking. A população teme que a técnica, que usa líquidos que provocam explosões em rochas subterrâneas para liberar a passagem do gás, provoque contaminação de lençóis freáticos.
Diferenças
Para o geólogo Vinicius Lorence, existem poucas pesquisas sobre o fracking no Brasil para provar ou não a real situação de perigo do método. Ele lembra que em países como os Estados Unidos e Canadá o fraturamento hidráulico foi utilizado sem grandes impactos ambientais, mas o exemplo de lá não pode ser aplicado ao Brasil. Cada região possui rochas diferenciadas e que necessitam de novos estudos. Ainda de acordo com o geólogo, em alguns países, como a Noruega, a utilização do método se revelou desastrosa ao meio ambiente.
“Não se tem estudos e, portanto, não se pode afirmar nada”, diz. Lorence detalha ainda que até em uma mesma região o solo pode apresentar diferenças. Ele explica que em Cascavel, para atingir o aquífero guarani, um dos maiores lençóis de água subterrâneo do planeta, são necessários perfurar 1.800 metros. Em Toledo, distante apenas 45 quilômetros, a profundidade cai para 1.100 metros. “Varia de caso para caso e qualquer incursão nessa área é prematura sem estudos”, avalia.