Por falta de agentes, Delegacia de Corbélia chega a ficar abandonada
Cotidiano | Publicado em 13/02/2014 12:06
Mesmo com superlotação, a cadeia pública da Delegacia da Polícia Civil de Corbélia sofre com a falta de agentes carcerários. A estrutura não possui um servidor sequer para o trabalho na área de detenção e outros funcionários públicos precisam comprometer investigações para suprir a deficiência.
Para evitar fugas em massa, um investigador e uma escrivã acumulam outras obrigações e sofrem as consequências do desvio de função. “Exercemos o cuidado dos presos. Ficamos com nosso trabalho comprometido, pois temos que levar comida, fazer transportes para audiências e manter o cuidado do local”, diz a escrivã Vera Teresinha Fortti.
O maior problema ocorre quando há registros de ocorrências em Corbélia ou cidades vizinhas. A cadeia chega a ficar totalmente abandonada, sem quem possa garantir que os detentos não tentem fugas, já que os servidores precisam deixar o posto para desempenhar a função. “Nos fins de semana, quando há casos de acidentes de trânsito, por exemplo, o investigador precisa abandonar a delegacia para verificar o caso”, ressalta a escrivã.
Para protestar contra a situação, os servidores decidiram fixar faixas no prédio. A expectativa é que o Estado resolva a situação o mais rápido possível. A carceragem do município mantém o dobro de detentos que a capacidade máxima da estrutura comportaria. O prédio foi construído para 22 presos e possui atualmente 46. Para desempenhar o serviço na carceragem seriam necessários cinco agentes, conforme reivindicação feita ao Sinclapol (Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná). Também são cobrados mais servidores de carreira para atender a demanda também das cidades pertencentes à delegacia: Cafelândia, Anahy, Braganey e Iguatu. A equipe de reportagem entrou em contato com a Secretaria do Estado e Justiça, mas não teve resposta.
Dobro de agentes
Em todo o Estado, a classe sindical aponta defasagem no efetivo. Pela estimativa do Sinclapol seria preciso dobrar o total de agentes carcerários do Paraná. A falta de servidores para desempenhar a função nas delegacias põe em risco a vida dos profissionais e também da população. “O policial corre risco e o criminoso tem ao seu favor a impunidade. Ele sabe que o policial não terá tempo para investigar. Isso gera insegurança”, ressalta o presidente do Sinclapol, André Luiz Gutierrez.
Por isso, em todo o Estado, os policiais prometem paralisar todas as atividades em carceragens, para evitar o desvio da função. Ontem, teve início uma série de assembleias extraordinárias da categoria em todo o Estado para discutir a situação.
Pela avaliação do sindicato, o Paraná possui 4,5 mil policiais civis. Pela legislação seriam necessários seis mil. Porém, com a atual situação no Estado, a categoria aponta uma defasagem ainda maior: seriam necessários 11 mil policiais civis.