Corbélia, 28/11/2024
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‘Metrópole’ busca saúde em Corbélia

Cotidiano | Publicado em 05/10/2013 10:22

Hospital buscou financiamentos para construir dez leitos e pretende credenciar cinco ao SUS...
 
“Só estamos esperando São Pedro dar um tempo para começar as obras”, disse o diretor administrativo do Hospital Santa Simone, Giovani Miguel Wolf Hmatuw. A tal obra não diz respeito apenas ao Giovani, à família dele que é dona no hospital, ou ao município de Corbélia, onde fica o estabelecimento de saúde. A tal obra é motivo de otimismo para todos os 25 municípios assistidos pela 10ª Regional de Saúde, que assim como municípios de todo o país, vive a dificuldade da falta de leitos. “O projeto está pronto, já temos o recurso. A estrutura será para 10 leitos de UTI, sendo que cinco destes serão credenciados ao SUS”, disse ele. Até agora Corbélia não possui nenhum leito de UTI, mas isso não quer dizer que já não seja muito importante para a nossa rede de saúde.
 
Tamanho não é documento. Diante da lógica que estamos acostumados, de ver os municípios menores “invadindo” grandes centros à procura de atendimento em saúde, é no mínimo curioso perceber que hospitais de municípios menores se articulam para ajudar a atender a grande demanda de atendimentos tanto em cirurgias eletivas, quanto em internamentos.
 
Mensalmente, o Hospital Santa Simone - que é particular, mas credenciado ao SUS - faz cerca de 200 internamentos via SUS. Destes pacientes em torno de 50% vem de outros municípios, inclusive Cascavel. “O Hospital Santa Simone tem sido grande parceiro. Estão trabalhando para a implantação de leitos de UTI e eu estou estimulando isso”, falou o chefe da 10ª Regional, Miroslau Bailak. Segundo ele, além de Corbélia, outros municípios também têm recebido alguns pacientes de outros municípios. É verdade que na última década em que o hospital passou a receber estes pacientes, a atenção foi baixa e média complexidade, mas os leitos de UTI não deve ser um indício de que o município quer mudar para o time da alta complexidade. “Ter UTI para o pós-operatório é uma questão de segurança tanto para o paciente quanto para a equipe. A ideia da medicina é usar a UTI antes tida como recurso final como algo preventivo depois de cirurgias” disse Giovani. Logo, a intenção do hospital Santa Simone não é começar a atuar na alta complexidade, mas sim oferecer maior segurança ao paciente da média complexidade.
 
Giovani conta que o hospital, que veio de seus pais, antes mesmo da existência do SUS fazia atendimentos gratuitos à população. “Meu pai sempre diz que agora é que está bom. Se antigamente não ganhávamos nada, hoje ganhamos um pouco”, relatou. Em 2001 o hospital passou por uma reestruturação, justamente com o objetivo de absorver os pacientes da região de baixa e média complexidade. “O paciente de baixa e média complexidade, em Cascavel, acaba utilizando leitos destinados à alta complexidade. Existem hospitais em municípios ao redor de Cascavel que podem servir como um cinturão de média e baixa complexidade. E foi pensando nisso que fizemos essa reestruturação”, contou.
 
Hospital também realiza cirurgias
 
Além dos leitos de UTI o hospital de Corbélia tem sido uma mão na roda na longa fila de cirurgias eletivas. Desde 2003 eles realizam mutirões de cirurgias de adenoides, uma entre as especialidades com maior demanda de cirurgias pelo SUS. No próximo dia 26 o quarto mutirão deste ano será realizado, sendo que a média de cirurgias feitas a cada mutirão fica entre 20 e 30 procedimentos.
 
“A gente quis resolver uma realidade do município, mas acabamos percebendo que a grande demanda acontecia além de Corbélia. Começou a vir um volume de pacientes de outras cidades. Por mais que as pessoas achem que o médico não se envolve, nos envolvemos. Na maior parte dos casos são crianças com dificuldade para respirar, para dormir, desenvolvendo deformidade dentária. Com muito pouquinho e um relativo prejuízo financeiro, ganhamos em resolutividade”, falou. Segundo ele a cirurgia de adenoides pelo SUS possui uma baixíssima remuneração o que faz com que muitos médicos não se interessem em fazer este tipo de cirurgia, todavia ele destacou que ela é bastante simples e pode ser feita de forma rápida.
 
Agora, se o SUS paga tão pouco e se o hospital particular é uma empresa que precisa ter lucro, vale a pena ampliar tanto a atenção ao SUS? Segundo Giovani por se tratar de um hospital pequeno, familiar, fica mais fácil controlar as finanças e garantir que o que se perde ou se deixa de ganhar de um lado, seja suprido por outro. Conforme ele, a hospital faz questão de unir estes fatores justamente para conseguir manter a ideologia implantada pelo seu pai, desde que o hospital foi criado. “Nosso público sempre foi o paciente de baixa renda”, explicou.
Fonte: CGN


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