Corbélia, 28/09/2024
Notícias

Especialista vê exagero em vacinação

Cotidiano | Publicado em 21/01/2008 12:29

Um dos maiores especialistas em doenças tropicais no mundo, Luiz Hildebrando Pereira da Silva diz que o governo pode ter exagerado ao estender a recomendação de vacinação contra a febre amarela para além de áreas de matas, conforme instrução divulgada pelo Ministério da Saúde brasileiro A recomendação do governo abrange também áreas urbanas. A vacina traz riscos, destaca, e deve ser administrada com cuidado
“Não se pode fazer vacinação preventiva de população de uma área só porque apareceram casos em pessoas que invadiram área de floresta ou passaram dias em ecoturismo (casos de febre amarela silvestre). Isso não coloca em perigo a população das áreas que não estão com esse mesmo tipo de comportamento e, na minha maneira de ver, foi um erro estratégico do Ministério da Saúde”, afirmou Silva, diretor do Instituto de Pesquisas em Patologias Tropicais de Rondônia.
Em férias na França, onde trabalhou por mais de 30 anos no Instituto Pasteur, Silva tem conversado com representantes do ministério. “Eu me informei e técnicos dão explicações de que às vezes são obrigados a atender a certas necessidades extremamente improváveis por questões de ordem psicológica, para mostrar que o ministério é capaz, simplesmente para garantir uma tranqüilidade às pessoas.”
Até sexta-feira, 31 pessoas já tinham apresentado reações adversas à vacina, principalmente em razão do recebimento de mais de uma dose em curto espaço de tempo, admitiu o ministério. “É exatamente esta uma das razões de não se poder usar a vacina sistemática”, afirma o especialista.
A instrução do ministério diz que vacina só deve ser tomada por pessoas que ainda não tenham sido imunizadas ou que tenham sido há mais de dez anos e que vivam ou se dirijam para áreas de risco - atualmente, a maior parte do País, exceto uma grande extensão da costa brasileira.
Silva reconhece que o governo teme a expansão da doença para áreas urbanas, o que não ocorre desde 1942, e tem procurado criar barreiras para a ameaça ao estender a imunização para além das matas, mas frisa que não há motivos para tanta preocupação.


')